domingo, 6 de maio de 2012

A liberdade sexual da mulher na pornografia mainstream

"Boas notícias, mãe!
Saí para exercer controle sobre meu corpo
num mundo de homens!"

 
Quadrinho de Signe Wilkinson publicado em:
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domingo, 29 de abril de 2012

Indústria pornográfica CENSURA pesquisadora

Publicado originalmente em:

 
A chocante suspensão da Dra. Price
Por GAIL DINES
Tradução de Flávio Moreira


À medida que as faculdades se tornam mais corporativas ouvimos cada vez mais histórias de acadêmicos sendo punidos por ter a audácia de falar contra a maleficência corporativa. Isso não só limita a liberdade de expressão dos acadêmicos, mas também serve para, através do medo, forçar os professores a aderir ao discurso hegemônico.

O exemplo mais recente é chocante. Jammie Price, professora titular da Appalachian State University, foi suspensa no mês passado por exibir o documentário “The Price of Pleasure: Pornography, Sexuality and Relationships” (O Preço do Prazer: Pornografia, Sexualidade e Relacionamentos). Distribuída pela Media Education Foundation, uma das mais respeitadas produtoras de documentários progressistas no país, o filme pretende ver como a pornografia tradicional (“mainstream”) não só tem se tornado mais violenta e misógina, mas verdadeiramente se deita na mesma cama das maiores instituições financeiras como empresas de cartão de crédito, investidores em capitais de risco, empresas a cabo e hotéis (que ganham mais dinheiro com pornografia do que com consumo de minibares).

Após mostrar o filme a 120 alunos, três deles, claro, queixaram-se à administração da universidade alegando que a Dra Price estava exibindo “material impróprio” na sala. Não foi permitido à Dra Price saber quem eram os estudantes ou conversar com eles, foi-lhe negada uma audiência e foi imediatamente suspensa e informada de que não poderia entrar nos gabinetes ou salas de aula nas dependências do prédio de Artes e Ciências. Caso quisesse obter “materiais, arquivos de computador, recolher correspondência...” teria que ser escoltada por um membro da faculdade.

Que interessante que uma universidade decida que uma análise acadêmica de uma das indústrias mais lucrativas do mundo seja “imprópria”. O que exatamente esperam que ensinemos? Talvez se Jammie Price lecionasse em uma escola de negócios e mostrasse um caso sobre como matar no pornô ela poderia ter se safado. Ou, talvez, por segurança, a Dra Price deveria ter convidado um pornógrafo para promover seus produtos. Em 2008 a imprensa pornográfica ficou alvoroçada com a grande notícia que Joanna Angel, proprietária do site pornô Burning Angel, havia sido convidada para falar a uma turma de alunos de sexualidade humana na Universidade de Indiana. Não houve tentativa, por parte do site de notícias pornô X Critic, de fingir que esse seria um evento educacional quando escreveram: “Ela irá mostrar aos alunos clipes de seus filmes, distribuir brinquedos eróticos e iluminá-los com uma visão positiva da pornografia”.

domingo, 8 de abril de 2012

A indústria da pornografia e sua influência sobre o desenvolvimento da sexualidade


É sério.

Mesmo que você, pessoalmente, não seja um "adepto/a", muitos homens (e talvez algumas mulheres) que conhece o são. E, cedo ou tarde, vai te afetar. Certamente afeta/afetará seu(s) filh@(s). 

Estamos falando aqui da indústria da pornografia após a "era da internet" (traduzirei um texto sobre este ponto específico).


Veja:
=>"Pesquisa falha por falta de homens que nunca viram filme pornô"
       (http://www.atenasonline.com.br/guia/filme-porno/)

=> História do criador do site "Anti Porn Men":
Matt McCormack Evans estava na biblioteca de sua universidade quando viu uma bibliotecária colocando livros nas prateleiras. A cena lhe pareceu sexy – e ele logo pensou que seria legal procurar algum material pornô com bibliotecárias, segundo contou ao jornal inglês The guardian. Evans, que tinha acesso livre à internet na universidade e frequentava sites de sexo explícito, percebeu que sua percepção da realidade estava mudando por conta da pornografia que consumia. A dele e a de seus colegas homens. E isso não era uma coisa boa. O momento da verdade veio quando Evans viu um cara apertar a bunda de uma mulher numa balada. Foi o estopim para a criação do site Anti Porn Men Project, manifesto e manual de instruções para quem acredita que o material com sexo explícito disponível na internet em geral é degradante para as mulheres e influencia o comportamento dos homens em relação a elas. “Quando eu via material pornô, eu pensava: ‘Isso é algo à parte da minha vida, não vai afetar a maneira como eu vejo o mundo’. Mas eu percebi que afetava sim”, conta Evans, de 22 anos." http://revistatrip.uol.com.br/print.php?cont_id=31915


E aí, vamos pensar nisso?

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Autora: Ana Rita Dutra dos Santos

TUDO sobre putas sexo violento teens gostosas transando amadoras

"Aqui voce encontrará material sobre pornografia, fiz uma seleção especial para voce"
Em primeiro lugar, eu sempre procuro recomendar que estas pessoas que consomem esse tipo de videos, imagens, que normalmente são cercados por um mito em torno da violencia, com simulações sobre estupro, pensem em suas mães, suas filhas, suas irmãs, mas como existe tanto depravado no mundo, isso nem deve adiantar, pensem em mulheres que foram referência maternal na sua vida, referencia de amizade, acolhida. Apesar de que alguns homens estão tão animalizados que esse tipo de questionamento nem consegue se formar mais

(...) Na avaliação da feminista e professora de sociologia e de gênero na Faculdade Wheelock, em Boston, é impossível ver as imagens pornográficas sem ser influenciado, "especialmente imagens com as quais você se masturba":
Os garotos veem pornografia pela primeira vez aos 11 anos, eles são introduzidos a esse mundo de brutalidade sexual e crueldade antes que sua sexualidade esteja plenamente desenvolvida.
A pornografia é popular, ela pode moldar a sexualidade e identidade sexual. Isso é muito problemático porque a maioria da pornografia que circula na internet envolve sexo com punição ao corpo, onde as mulheres são humilhadas e desumanizadas.

Feminismo e a blogsfera

Feminismo e a blogsfera

No link abaixo, você acessa uma bela reflexão sobre a reação à ascensão de mulheres e homens feministas na rede.



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Discussão sobre feminismo: a esquerda e suas divergências

Escrito por Cris
20/12/2010 às 18:16

A blogosfera – ou parte dela – está em crise. Discutindo o relacionamento. Não, não é o fim, é só um tempo, talvez.
(...)
Resumindo para quem ainda não está a par (quem já cansou de ler a respeito, pula esse parágrafo): o blog do Nassif publicou como post um comentário de um cidadão machista, que usava o termo “feminazi” para se referir às feministas, com o pretexto de que servia ao debate. Não acho que servia, acho que Nassif errou, mas prossigamos.
(...)
A seguir, alguns links que ajudam a compreender melhor a dimensão que a coisa tomou. Com alguns concordo mais, com outros menos. Não há nenhum tipo de ordenamento nesse sentido. A cada link, a ordem é o nome do post, nome do blog e autor do texto.

Nassif e a esquerda que a direita adora - Rodrigo Vianna
Elas mataram Orfeu – Gonzum – Miguel do Rosário
A busca incansável por um feminismo dócil, ou, não é de você que devemos falar – O Biscoito Fino e a Massa – Idelber Avelar
A nova blogosfera e o episódio com as feministas – Luis Nassif
“Socorro! Não sou machista, mas as feminazis mal-comidas estão me patrulhando” – Liberal Libertário Libertino – Alex Castro
Algumas reflexões sobre a “blogosfera progressista” – O Descurvo – Hugo Albuquerque
Sobre o debate Nassif, feminazis, Idelber e blogs progressistas – Conexão Brasília-Maranhão – Rogério Tomaz Jr.
Nassif pede desculpas às feministas de bom nível – Escreva Lola Escreva – Lola Aronovich
Feminismo não é partido! – O inferno de Dandi – Danilo R. Marques
Blogosfera progressista, feminismo e polêmicas – Conceição Oliveira – Vi o mundo
Como falar bobagens e ser publicado num blog famoso – Escreva Lola Escreva – Lola Aronovich
Feminazi: ignorância a serviço do conservadorismo – Cynthia Semíramis
A agressividade como ferramenta de auto-afirmação – Escreva Lola Escreva – Lola Aronovich


Escrito por Cris
20/12/2010 às 18:16
[vide link acima]


Amor?

Amor?
Resposta ao artigo publicado por L.F. Pondé no jornal Falha, digo, Folha de São Paulo.



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"Por fim, saiba: o amor, meu bem, só é possível entre seres humanos"

"Uma mulher qualquer, que até poderia ser um homem.
*Também assinam esse recado: Carlos Emilio, Marcos Faria, Paulo Rená, Srta. Bia"



sábado, 7 de abril de 2012

O ÚLTIMO TANGO


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Blog de Pedro Cardoso

O ÚLTIMO TANGO


Eu nada mais tenho a dizer, no momento, a respeito do fato de a pornografia ter se disfarçado de entretenimento inocente para poder assim ser vendida a um público maior. O que penso, acredito que o disse de modo claro. Mas cabe ainda fazer um acréssimo relevante.

O meu próprio entendimento do assunto foi se aperfeiçoando a medida que eu escrevia. De todos os aprimoramento e ajustes que fiz, acho importante lembrar aquele que me parece ser o ponto mais sensível de toda esta discusão. Eu mesmo, nos primeiros textos, fazia um distincão entre pornografia e arte. Depois, percebi que esta oposição é falsa. Não é o atingir uma expressão digna de ser chamada de artística que desfaz o pornográfico na pornografia. Ela continuará sendo pornografia, ainda que seja também arte. E o efeito dela sobre nós será o mesmo: uma distração da história que se está contando. Ainda que modificada pela excelência da arte, ela provocará em nós a mesma excitação do desejo sexual que a outra, a pornografia evidente, produz.

Assim, mesmo em situações que vieram a produzir obras de arte, poderemos encontrar atores oprimidos pela pornografia que a eles foi imposta. A quem ainda duvidar do que estou dizendo, ou achar a minha posição excessivamente radical, transcrevo o relato que encotrei no "Wikipedia" a respeito da famosa cena de sodomia protagonizada por Maria Schnneider e Marlon Brando, sob a direção de Bernando Bertolucci, no inquestionavelmente artístico filme "O Último Tango em Paris." Vejamos o que os próprios envolvidos têm a nos dizer.

Durante  o trabalho de divulgação para o lançamento do filme, Bertolucci disse que Maria Schneider havia desenvolvido uma "fixação Edipiana em Brando". A própria Schneider disse que Brando lhe enviou flores quando eles se conhecerem, e que desde então ele "era como se fosse um pai". Em uma entrevista dada na época, Schneider negou a afirmação dizendo: "Brando tentou assumir uma postura bastante paternalista, mas na verdade nossa relação não era como se fossemos pai e filha". Alguns anos depois, no entanto, Schneider falou sobre um sentimento de humilhação sexual:

O valor econômico da pornografia disfarçada

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Blog de Pedro Cardoso

O VALOR ECONÔMICO DA PORNOGRAFIA DISFARÇADA


A pornografia declarada, por razões que eu nunca me propus a discutir aqui, tem uma enorme demanda e é, portanto, um grande negócio. Pois bem, a pornografia disfarçada também o é. É preciso falar sobre a sedução que o poder econômico da pornografia disfarçada exerce sobre a classe artística.

Paga-se mais, contrata-se mais, convida-se mais aqueles que fazem cenas ditas sensuais, no jargão da hipocrisia pornográfica, do que aqueles que não as fazem. No mercado americano, as atrizes negociam ponto a ponto de seu corpo o valor do cachê. A nudez tem preço e é muito bem paga. E num mundo cuja organização econômica produz tanta pobreza, quem pode se dar ao luxo de não querer ser rico?

Quando a pornografia era declarada, não havia como convidar os atores de carreira para nela trabalhar. Isto os ofenderia e macularia as suas biografias. A medida em que a indústria da comunicação em massa foi pervertendo a liberdade de costumes do anos 60, e disfarçando a pornografia de [em] entretenimento ou arte, passou a ser possível convidar atores de carreira para realizá-la. Uma cena, em tudo igual a de um filme ponográfico brando - apenas eventualmente melhor produzida - podia agora de ser representada por atores de carreira porque ela pertencia a uma obra de arte ou a um entretenimento inocente. Os atores de carreira passaram a realizar o trabalho que antes estava legado aos atores pornô.

(Sinceramente, eu vejo muito pouca diferença entre as cenas da pornografia declarada e da disfarçada. Dizer que há é uma mentira que foi urdida para permitir aos atores de carreira fazer as cenas pornográficas com patética dignidade. Quem duvidar de mim, peço que assista com atenção aos filmes de pornografia declarada e veja se as situações que encontramos nas novelas de TV e nos filmes - nacionais ou internacionais - não são assustadoramente semelhantes. Tanto em uma como em outra, os conflitos são forjados de modo a, invariavelmente, levar um casal para cama.)

Antes, quando a pornografia era declarada, era preciso contratar atores expecializados em pornografia, muitos deles oriundos da prostituição; hoje, com o disfarce de normalidade que a pornografia assumiu, pode-se chamar atores de carreira, e assim oferecer cenas pornográficas para toda família. A pornografia usou os atores de carreira para legitimar-se perante o público. Claro que isto só foi possível porque ela antes se disfarçou de entretenimento ou arte.

A POSSIBILIDADE DE A PORNOGRAFIA SE DISFARÇAR E O ADVENTO DO REALISMO



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Blog de Pedro Cardoso

A POSSIBILIDADE DE A PORNOGRAFIA SE DISFARÇAR E O ADVENTO DO REALISMO

Em algum momento, eu disse aqui que havia uma forte relação entre a possiblidade de a pornografia se disfarçar de entretenimento inocente ou arte e o atual predomínio do realismo em áudio-visuais. O assunto é complexo e eu não me sinto habilitado para enfrentá-lo no campo da teoria. Deixo, portanto, apenas a sugestão de um pensamento.

A ambição do homem ao longo da história tem sido sempre a de reproduzir o mundo real o mais fielmente possível. Assim ele evoluiu da pintura rupreste para video em alta definição. No caminho desta ambição é que a introdução de cenas de intimidade se tornou necessidade narrativa, aparentemente, imprescindível. E de fato, numa tentativa de descrição dos fatos da vida que pretendesse uma identidade absoluta com o real, ela o seria. O que eu não acredito é no realismo ele mesmo. O real me parece irredutível à arte. Toda técnica, por mais avançada que seja, nos colocará apenas diante de um simulacro do real, que a ele sempre ficará devendo a efemeridade que o acontecer no tempo impõe a tudo o que passa. Assistir nunca será o mesmo que viver. Agora, eu admito que certas construções artísticas, principalmente em pintura e filmes, ainda que permanecendo menores que a realidade, provocam em nós uma viva sensação de "estar acontecendo". Mas atribuo isto ainda a um fato poético e não ao que seria uma reprodução do real fidelíssima. É algum traço específico do real que o artista percebe, destaca e nos apresenta que provoca em nós uma tão poderosa compreensão do real que chegamos a crer estarmos diante do real ele mesmo. Mas não estamos; temos apenas a sensação. Estamos, sim, diante de uma opinião poética. No poderoso filme "Private Ryan", de Steven Spilberg, aprendemos algo sobre a realidade de uma batalha mortal, não porque a tenhamos vivido, e sim porque a assistimos. Vivê-la, certamente, teria sido muito diferente e a consequência em nós teria sido outra.

O olhar masculino

Obs.: "masculino" NÃO significa que todos as pessoas do sexo masculino agem assim. Ainda bem.


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O olhar masculino






Pensei muito antes de decidir escrever este texto. Achava ser apenas uma besteira qualquer, um acontecimento isolado e pequeno, no meio de tantos envolvendo meu feminismo. Mas percebi que ainda que tenha sido um acontecimento menor ele representava,  na verdade, um daqueles tapas na cara do meu feminismo, um daqueles momentos em que o feminismo nos ajuda a perceber o absurdo da situação,  mas, por alguma razão, por algum motivo, ficamos paralisadas. A partir dele, comecei a ver certas coisas de forma diferente.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

A pornografia é uma questão de esquerda

http://arttemiarktos.wordpress.com/2011/05/15/a-pornografia-e-uma-questao-da-esquerda/
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Gail Dines e Robert Jensen
Tradução Arttemia Arktos [vide link acima]

(...) Sempre pareceu-nos estranho que muitos da esquerda de forma consistente,  se recusam a se envolver em uma crítica sustentada e ponderada da pornografia. Tudo isso é particularmente desastroso num momento em que a esquerda está se debatendo para encontrar adesão por parte do público,  uma critica da pornografia baseada em uma análise feminista radical de esquerda que se contraponha aos direitistas moralistas, poderia ser parte de uma estratégia de organização eficaz.


Análise da mídia pela esquerda

Esquerdistas examinam a mídia como um local onde a classe dominante cria e impõe definições e explicações do mundo. Sabemos que notícias não são neutras. (...)

A crítica feminista da pornografia é consistente com – e, para muitos de nós, se origina de – uma análise amplamente aceita na esquerda, da ideologia hegemônica dos meios de comunicação, levando à observação de que a pornografia está para o patriarcado assim como os comerciais de tv para o capitalismo. No entanto, quando a pornografia é o tema, muitos na esquerda parecem esquecer-se da teoria de Gramsci da hegemonia e aceitar o argumento de auto-defesa do pornógrafo de que a pornografia é mera fantasia. (...)

Por que tantos na esquerda parecem assumir que pornógrafos operam num universo diferente do de outros capitalistas? Por que a pornografia seria a única forma de representação produzida e distribuída por empresas que não seria um veículo para legitimar a desigualdade? Por que os pornógrafos seriam os capitalistas rebeldes à procura de subverter o sistema hegemônico?

Por que os pornógrafos são, frequentemente, os únicos com livre acesso na esquerda?

Depois de anos enfrentando a hostilidade da esquerda em público e na imprensa, nós acreditamos que a resposta é óbvia: o desejo sexual pode restringir a capacidade das pessoas para a razão crítica – especialmente em homens no patriarcado, onde o sexo não é só prazer, mas sobre o poder.

Esquerdistas – especialmente os homens à esquerda – precisam superar a obsessão com escapismo.
Vamos analisar a pornografia não como sexo, mas como mídia. Onde é que se ligam?


A mídia corporativa

Críticas ao poder corporativo da mídia comercial são onipresentes na esquerda. (...)

No entanto, ao discutir a pornografia, esta análise voa para fora da janela.

terça-feira, 27 de março de 2012

O que um estupro NÃO é

De Natasha Avital
 

http://bulevoador.com.br/2012/01/32447/
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ESTUPRO NÃO É COMETIDO SÓ POR ESTRANHOS. ESTUPRO NÃO OCORRE SÓ QUANDO A VÍTIMA ESTÁ ACORDADA. ESTUPRO NÃO ACONTECE SÓ QUANDO HÁ PENETRAÇÃO.
(...) 
ESTUPRO NÃO É SEXO 
     (...) Não existe ”sexo” do qual apenas uma pessoa participa! Se uma das partes está deixando claro que não quer estar ali ou, pior, não está sequer em condições de dizer se quer estar ali ou não, ninguém está ”fazendo sexo”.  Uma pessoa está usando um corpo, e a outra está tendo o corpo usado. Uma das pessoas está cometendo uma violência e a outra está sofrendo uma violência. (...)


ESTUPRO NÃO É IGUAL A FURTO
     (...) cabe perguntar se a pessoa em questão considera que  “vacilo” da vítima também poderia ser usado como atenuante caso tivesse ocorrido, em lugar de uma violência sexual, a remoção de um rim, uma perna ou um pênis.

ESTUPRO NÃO É UM CRIME CAUSADO PELA VÍTIMA  
     Quando se tem uma pessoa PRATICANDO uma ação e outra SOFRENDO esta ação, o caminho lógico para avaliar os motivos desta ocorrência deveria ser se concentrar na pessoa que pratica o ato. No entanto, discussões sobre estupro parecem sempre se focar na vítima, no que a pessoa estuprada fez ou deixou de fazer para que o estupro ocorresse. (...)

O ESTUPRO NÃO É CULPA DA MULHER SÓ PORQUE…
     (...) Respeito passa a ser um privilégio dado às mulheres que “merecem” e não uma obrigação de todas as pessoas que com elas convivem. (...)

O ESTUPRO NÃO É CAUSADO PELA “SENSUALIDADE” DA MULHER
     (...) Lição básica de lógica nº 1: não dá pra vender a idéia de que a “sensualidade” é uma forma de poder (quem nunca viu aqueles comerciais em que uma mulher passa na rua enquanto todos os homens em volta a encaram como se ela fosse um pedaço de carne, e isso faz com que ela se sinta altamente confiante?) se a gente vai unir esforços pra fazer com que, na prática, quanto mais “sensual” a mulher é, menos poder ela vai ter de decidir onde, como e com quem ela faz sexo. Não dá pra bombardear a mulher desde sempre com mensagens de que o seu valor depende de quantos homens querem dormir com ela, não dá pra dizer “Provoque!” com cada calçado, peça de roupa e reportagem em revista feminina, e depois justificar uma violência com um “Você provocou”. Não dá pra pressionar mulheres a usar roupas que destaquem suas características consideradas “sensuais”, e depois culpar essas mesmas roupas se ela for atacada.

Lição básica de lógica nº 2: o que uma mulher veste e o que ela faz são responsabilidade dela. As reações de um homem ao que uma mulher veste e ao que ela faz são responsabilidade DELE.

O ESTUPRO NÃO É CAUSADO PELA VONTADE DA MULHER DE FAZER SEXO
     (...) ningúem sai de casa procurando sofrer uma violência. Talvez a mulher estivesse sim procurando sexo, sexo selvagem, sexo com múltiplos parceiros e parceiras, sexo sadomasoquista, sexo com completos desconhecidos. Sexo, não estupro.

O ESTUPRO NÃO É CAUSADO PELO DESEJO INCONTROLÁVEL DO ESTUPRADOR
     (...) Se o tal desejo masculino é realmente tão irrefreável, o número de mulheres atacadas em lugares iluminados e cheios de gente, onde o agressor pode facilmente ser identificado e contido, deveria ser bem maior, não? (...)
     Na boa? “Ela provocou” não passa de um eufemismo pra dizer que o homem estuprou porque “deu vontade”. Pouco importa o tamanho da saia da mulher, o quanto ela flertou com ele antes ou o nível das carícias que estavam rolando antes dela decidir parar. Pouco importa se ela disse com todas as letras que queria transar e depois disse que não queria mais. Não estuprar é sempre uma opção

               O ESTUPRO NÃO É CAUSADO PELA INCONSCIÊNCIA FEMININA. O ESTUPRO NÃO É CAUSADO PORQUE A MULHER “NÃO REAGIU”
     Lembra aquele papo sobre as ações de um homem serem responsabilidade DELE? Pois é, continua valendo e ele tem uma consequência surpreendente: se uma mulher está deitada inconsciente e um homem está usando o corpo dela, a responsabilidade é do homem praticando a ação, e não da mulher deitada e inconsciente. É ele que está infringindo o dever de não estuprar, e não ela que está infringindo o “dever de interromper o estupro”. Se uma mulher não pode dormir sem que isso seja visto como permissão para o estupro, existe alguma ação feminina que alguém não possa racionalizar em algum nível como um “convite”? (...)

     Vamos imaginar que um homem heterossexual hipotético (vamos chamá-lo de Sr. HT) não deseja fazer sexo com outros homens. Tudo o que o Sr. HT precisa fazer é não tentar fazer sexo com outros homens. (...)
     Se o Sr. HT beber demais na balada e desmaiar no banheiro, todos vão ficar chocados se ele for estuprado. Se o Sr. HT apagar no sofá durante uma festa da faculdade, ninguém vai culpá-lo se ele for estuprado. Se o Sr. HT apagar em uma cama em uma casa vigiada 24 horas por câmeras enquanto participa de um programa de televisão, e outro homem o ”acariciar” durante a noite inteira sem que ninguém faça nada, a internet não vai pulular com mensagens a respeito de como ele “fez por merecer”.
     Pra mulher heterossexual, as coisas não são tão simples assim. Ela pode não estar fazendo absolutamente nada que indique alguma disposição para o sexo, e mesmo assim ser considerada sexualmente disponível porque é mulher. Um homem de jeans e camiseta em uma festa de faculdade não está “sinalizando” nada além de seu desejo de participar de uma festa de faculdade. Uma mulher de jeans e camiseta em uma festa de faculdade está “sinalizando” uma disposição para ser assediada sexalmente até prova em contrário. Daí a atitude, infelizmente ainda tão comum, principalmente em festas e baladas, de homens que se sentem no “direito” de beijar uma mulher sem permissão, de passar a mão, segurar o braço, puxar o cabelo, imobilizar, cercar a mulher com amigos e pressionar por um beijo, etc. Como se, só por estar em público ou por estar em um ambiente onde geralmente se paquera, ela tenha aberto mão do direito de escolher quem pode encostar no seu corpo, como e quando.

[GENIAL GENIAL GENIAL!]
     Momento para analogia-surpreendentemente-adequada-com-crime-contra-o-patrimônio-nº3: da próxima vez que você tiver sede na balada, pegue o drinque da pessoa mais próxima. Se ela reclamar, diga que ela não precisa ficar histérica, todo mundo tá ali pra beber, se ela não quer que bebam com ela devia ter ficado em casa, e se ela está com um copo de bebida na mão, não pode reclamar se alguém tiver sede e quiser aproveitar. Fez sentido? Pois é. Tem algo de seriamente errado quando se espera mais respeito pelo drinque de uma mulher do que pelo corpo dela.

O ESTUPRO NÃO É CAUSADO PORQUE A MULHER “NÃO SE PREVENIU”
     Afinal, se o mundo diz que há uma série de situações nas quais você não deveria demonstrar indignação, ou mesmo surpresa, ao ser estuprada, ele só pode estar esperando que você aja como se todo desconhecido fosse um estuprador em potencial e toda ação sua possa ser interpretada como uma “disposição para ser estuprada”.

Pois faça o TESTE:
- da próxima vez que sair com seus amigos, avise que não vai beber porque não quer correr o risco de “apagar” e ser estuprada.
- Da próxima vez que aquele seu colega do trabalho ou da academia oferecer carona, diga ”Não, obrigado, não conheço você muito bem e pode ser que essa carona resulte em violência sexual da sua parte.”
- Da próxima vez que a sua amiga mostrar aquele sapato de salto, aquele vestido decotado ou aquele batom vermelhíssimo na vitrine, declare com a cara mais séria do mundo ”Acho que isso transmitiria a idéia de que eu estou sexualmente disponível pra qualquer homem que me desejar, e eu não quero ser responsável por causar um estupro, então vou comprar algo mais discreto”.
- Quando estiver saindo com um homem, se recuse a acompanhá-lo até sua casa, viajar junto ou ficar sozinha no mesmo carro. Aja como se o estupro fosse a parte inevitável da existência que os defensores de estuprador parecem pensar que é

     Quem sair dessa com a vida social intacta e sem uma reputação de “paranóica odiadora de homens” precisa ser estudada pela ciência, pois vive em um meio social completamente diferente de qualquer coisa com a qual estamos acostumados.
     O que acontece aqui é a mesma postura esquizofrênica que acontece com a “sensualidade”: toda mulher é bombardeada desde sempre com a idéia de que negar atenção a um homem é uma das maiores grosserias que ela pode cometer. A mulher que não reage a uma cantada, a um flerte ou mesmo a uma tentativa de um completo desconhecido de entabular uma conversa é “orgulhosa”, “frígida” e “não sabe se divertir”. A mulher que deixa claro que o comportamento do patrão, do colega ou do professor a deixa desconfortável leva tudo muito a sério, é um fruto da “ditadura do politicamente correto” e mostra que “hoje em dia não se pode mais brincar”. A mulher que ousa cogitar a idéia de que um homem possa ser um possível risco a sua segurança é paranóica, preconceituosa e insensível.
(...)
     É impossível culpar uma mulher por “não ter feito nada” pra prevenir ou interromper um estupro quando ela passou a vida inteira ouvindo que TODAS as outras violações da sua vontade e do seu corpo são normais e esperadas e “nada demais”. É impossível culpar uma mulher por “não se prevenir” quando qualquer manifestação de receio da parte dela é ridicularizada como paranóia e tomada como ofensa pessoal pelos homens ao seu redor.