sábado, 7 de abril de 2012

O olhar masculino

Obs.: "masculino" NÃO significa que todos as pessoas do sexo masculino agem assim. Ainda bem.


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O olhar masculino






Pensei muito antes de decidir escrever este texto. Achava ser apenas uma besteira qualquer, um acontecimento isolado e pequeno, no meio de tantos envolvendo meu feminismo. Mas percebi que ainda que tenha sido um acontecimento menor ele representava,  na verdade, um daqueles tapas na cara do meu feminismo, um daqueles momentos em que o feminismo nos ajuda a perceber o absurdo da situação,  mas, por alguma razão, por algum motivo, ficamos paralisadas. A partir dele, comecei a ver certas coisas de forma diferente.


Nesse mês de janeiro estive em Buenos Aires para algumas aulas do doutorado. E, novidade nenhuma, lá como cá, o comportamento masculino ultrapassa as raias do machismo.
(...)


Minha turma era de maioria masculina, já um prato cheio para o comportamento de bando masculino. Até aí, no entanto, consegui levar, afinal já tinha muita coisa pra pensar, livros e textos para ler e tinha amigos entre os membros do grupo. O problema, então, foi outro. Durante uma semana, nas aulas da tarde, havia um aluno colombiano (dado que nem é tão relevante assim para a história, acho eu) que não fazia parte anteriormente daquela turma.  Como sempre, na minha dislexia das relações sociais, demorei a perceber o comportamento do aluno em questão (e essa demora talvez tenha sido positiva, considerando o incômodo que a situação me trouxe). 


Assim, só percebi na quinta-feira que o referido aluno assistia as aulas virado diretamente para mim, encarando-me quase sem descanso. (Deve ter achado que eu era a encarnação da Evita, ou qualquer coisa que o valha, porque não era possível aquilo!) A partir do momento em que me dei conta da conduta dele, minha capacidade de me concentrar na aula restou prejudicada. Qualquer movimento meu era devidamente registrado pelos olhos fixos do colega. Chegou a sexta-feira, último dia de aula, doida para discutir alguns assuntos com o professor, também meu conselheiro de tese e ... aqueles olhos não paravam de me observar. Pior ainda, sentado em algum lugar a minha frente na sala de aula, passou a assisti-la praticamente de costas, virado para a Monalisa aqui. Essa sensação de ser colocada a exposição pelos olhos de alguém, tirou toda e qualquer liberdade que eu poderia ter naquele ambiente. Não conseguia me manifestar – e o professor me questionando sobre o fato de o tema da aula interessar a minha tese e eu nada dizia. Como dizer qualquer coisa, quando eu mais parecia uma atração de circo observada atentamente pelo olhar do colega? Como se qualquer manifestação minha fosse aguardada ansiosamente, para uma reação que não descobri qual era. Sim, porque não conseguia mais nem concentrar-me na aula, quanto mais manifestar-me a respeito – da aula ou do desconforto causado pelo observador.

(...)
Ainda que eu já tivesse percebido o quanto isso pode ser incomôdo, não havia parado para observar o tamanho do desconforto, o quanto ele muda e determina o comportamento feminino por muitas vezes. Aí eu vi. Quantas vezes uma mulher anda de cabeça baixa, para fugir de encarar quem a encara? Quantas vezes uma mulher muda seu andar, atravessa a rua, sai do caminho, para fugir desse olhar? Quantas não se pronunciam publicamente, em razão da sensação de sempre estarem sendo fixamente observadas?
Parece então que o olhar não é tanta bobagem assim. Não é tão pequeno, nem tão inocente... Vou levantar a cabeça, continuar na mesma calçada e não deixar mais que me calem.








Um Comentário Feliz:
Lady disse...
nunca vou esquecer qdo um homem (desses q tem olhares d caçador p qquer mulher), coemntou o tanto q se sentiu incomodado qdo um gay ficou secando ele numa loja. TOMA!!!! HAAAAA VIU COMO É BOM INFELIZ?????